sábado, 18 de julho de 2015

Foto: Gshow No capítulo de 14 de julho o senador Caxias é assassinado em O Rei do Gado (Globo - 16:40) . Reveja a cena: http://gshow.gl...

A MORTE DO SENADOR CAXIAS

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Foto: Gshow
No capítulo de 14 de julho o senador Caxias é assassinado em O Rei do Gado (Globo - 16:40). Reveja a cena:
http://gshow.globo.com/novelas/o-rei-do-gado/videos/t/cenas/v/senador-caxias-e-assassinado/4321553/

O senador Caxias (Carlos Vereza) vinha caminhando com Regino (Jackson Antunes), Lupércio (Adenor de Souza), Formiga (Cosme dos Santos) e Fulgêncio. Quando Regino lhe faz uma pergunta: "O senador acredita que essa tal de lei do rito sumário e esse tal de novo imposto da terra. Vai resolver mesmo o problema da terra?" e o senador responde: " É claro que eu acredito Regino. Eu estou jogando todas as minhas esperanças nisso." Regino faz outra indagação: "E a justiça vai fazer cumprir essas leis senador?" Resposta: " Vai Regino! Vai! Porque se a justiça não cumprir ela vai ter que responder perante a história não só pelo o que acontece aqui, mas por cada canto desse país onde se disputam pedaço de terra para se plantar alguma coisa." E o sem-terra afirma: "Eu não apostaria nisso senador." O senador ri e diz: "Mas eu aposto. Eu aposto amigo Regino. Eu aposto a minha vida nisso. Eu aposto a minha própria vida nisso amigo Regino. Eu aposto nisso... A minha própria vida Regino. A minha própria vida!"

Enquanto o senador dizia que apostava a vida. Ele desabotoa o terno e retira um lenço branco e enxuga o suor do seu rosto. Podemos ler a cena como um senador que lutou muito por uma causa e se cansou, porém não desistiu de lutar pela paz e afirma quatro vezes que aposta a própria vida. Ele não afirma três vezes ele afirma quatro para deixar bem claro que ele acredita naquilo que lutou a vida inteira. 

Como o próprio senador diz no começo da cena:"Os jovens não precisam de cartilha para mudar o mundo. Alguns até envelhecem e continuam querendo mudar o mundo. Porque dentro deles eles sentem que jamais envelheceram."

Após o senador apostar na própria vida começam os disparos. E um acerta. Fica um suspense de alguns segundos. Quem foi atingido o líder de um grupo de sem-terras Regino ou o senador Roberto Caxias? Os dois fitam a árvore, símbolo da vida, na qual um vento sopra sobre suas folhas aonde se produz uma música triste. O atingido foi o senador. Regino fica desnorteado. Nesse instante aparecem outros dois sem-terra e correm para o local onde estão Regino e Caxias.

Então Caxias faz seu último pedido a Regino: "Não deixa que essa morte minha seja em vão. [...] Paz! Paz! [...] A cada movimento de violência. Eu te peço! Meu irmão pelo amor de Deus! Responde com paz! Paz! Paz! O senador falece nos braços de Regino e pombas brancas aparecem voando pelo local.

Os outros sem-terras se aproximam e Regino confirma que o senador está morto. Um dos sem-terras propõe de pegar o assassino e Regino pede que não o faça. De volta ao acampamento sem-terra Regino abaixa a bandeira em sinal de luto. 

O que é a lei do Rito Sumário e o Novo Imposto da Terra?

A lei do Rito Sumário trata-se da Lei 9245 de 26 de dezembro de 1995.
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L9245.htm
A qual surge para modificar alguns artigos da Lei 5869 de 11 de janeiro de 1973.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm
Os artigos referentes ao Capitulo III - Do procedimento sumário inserido no Título VII - Do processo e do procedimento.
Ela viria a facilitar para a contestação da posse de terra.

O Novo Imposto da Terra é uma correção do ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural) na lei 9393 de 19 de dezembro de 1996.
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L9393.htm

O Rei do Gado & Política

A partir da primeira exibição da novela em 1996 a pesquisadora Esther Hamburger que escolheu a novela como objeto de estudo mostrando a sua interferência na política brasileira. Ela destaca a luta pela reforma agrária com personagens representando o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e um personagem representando um senador honesto o qual defendia a reforma agrária.

Este senador assim como a novela ganhou espaço nos jornais na secção de política e nos editoriais. O senador Darcy Ribeiro dedicou duas de suas colunas no Jornal Folha de São Paulo para o senador Roberto Caxias.

Em sua coluna do dia 20 de janeiro de 1997 o senador Darcy Ribeiro fala sobre a morte do senador Caxias. A primeira coluna destinada ao personagem foi de 25 de novembro de 1996 na qual Ribeiro saúda Caxias pela luta em favor a reforma agrária.

Esta interação entre o personagem e o Congresso Nacional causou certo desconforto, alguns congressista não viam problema, mas outros descordavam com a maneira na qual o Congresso e os políticos estavam representados na novela.

O artigo da pesquisadora Esther Hamburger se encontra na seguinte referência: HAMBURGER, Esther. Política e Novela. In: BUCCI, Eugênio. A TV aos 50: Criticando a TV brasileira em seu cinquentenário. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2000, p.33.

Apesar da novela está sendo reprisada toda a sua equipe merece os parabéns pela cena da morte construída de maneira condizente à repercussão do personagem o senador Roberto Caxias. 

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